Prof.
Dr. FRANCISCO ARTUR PINHEIRO ALVES
Artur.pinheiro@uece.br
Na Igreja cristã primitiva e no
seu primeiro milênio, o celibato presbiteral, dos padres, era opcional. Ao
recrutar seus discípulos e apóstolos, Jesus não fez restrição quanto ao que nós
chamamos hoje de estado civil. Foram escolhidos homens casados e solteiros.
Pedro, tido pela Igreja Católica como primeiro papa, era casado, a maior prova
disso está no Evangelho, quando relata que Jesus curou a sogra de Pedro (Mateus
8:14,15).
Isto por si só põe abaixo toda a justificativa da necessidade de se exigir o
celibato para ser presbítero. Mas temos outros exemplos bíblicos, com nas
cartas de São Paulo a Tito e a Timóteo, onde ele afirma categoricamente que o
bispo deve ser “casado com uma só mulher” (Tito1:6) e Timóteo 3:1-7).
A quebra na tradição dos padres serem casados aconteceu,
definitivamente, no Concílio de Trento (1545 – 1563), dentro do clima da reação
católica à Reforma Protestante. Portanto foi uma decisão que foi tomada dentro
de um contexto histórico que é completamente diferente do vivenciado hoje pela
igreja após o Concílio Vaticano II.
No Brasil houve reações individuais de membros da igreja à
obrigatoriedade do celibato. No período imperial podemos registrar a reação do
padre Diogo Antônio Feijó, que em 1829 fez um contundente discurso da tribuna
da Câmara dos Deputados, contra o celibato e pregando inclusive a independência
da Igreja no Brasil. Feijó afirma em seu discurso que a obrigatoriedade do
celibato não bíblica e nem natural. Na década de 1940 outra figura do clero
brasileiro se insurge contra o celibato, seguindo a teoria de Feijó, é Dom
Carlos Duarte Costa, conhecido popularmente como Bispo de Maura, este foi
excomungado pelo Vaticano e fundou a Igreja católica e Apostólica
Brasileira-ICAB. Mais recentemente, Dom Clemente Isnard, à época bispo emérito de Nova Fibrurgo RJ, publicou
em 2003, um livro em que defende uma reforma na Igreja, na qual inclui o fim do
celibato obrigatório, indo mais longe, com a possibilidade de ordenação de
mulheres.
Entretanto, este tema não aparece nas discussões oficiais
da Igreja, pelo menos as de caráter
publico.
Ao nosso ver um relativo número de dificuldades e problemas
vivenciados pela igreja hoje, seriam reduzidos de forma substancial. Quais são
estes problemas. O primeiro é o da pedofilia, que é uma espécie de fantasma que
persegue a igreja. O segundo e mais importante é pra resolver a falta de
padres. Esta medida recuperaria, de imediato, milhares de padres que se casaram
e que estão dispostos assumir o magistério na Igreja. Outro desafio enfrentado
pela igreja no Brasil e em outros países como a Alemanha, é a perda de fiéis e
este fenômeno, tende a diminuir, a longo prazo, com a inserção da família na
igreja, sendo o pai um padre, aquele que leva seus filhos e a esposa para a
igreja, como fazem nossos irmão protestantes desde o século XVI, os padres da
Igreja Ortodoxa, os padres da Igreja do Líbano, os padres da Igreja Anglicana.
Esperamos que o Papa Francisco inclua dentre suas propostas
de reforma da igreja, esta que para nós, é a mais revolucionária de todas que
possam acontecer neste momento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário