quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

FIM DO CELIBATO OBRIGATÓRIO


Prof. Dr. FRANCISCO ARTUR PINHEIRO ALVES
Artur.pinheiro@uece.br

 

Na Igreja cristã primitiva e no seu primeiro milênio, o celibato presbiteral, dos padres, era opcional. Ao recrutar seus discípulos e apóstolos, Jesus não fez restrição quanto ao que nós chamamos hoje de estado civil. Foram escolhidos homens casados e solteiros. Pedro, tido pela Igreja Católica como primeiro papa, era casado, a maior prova disso está no Evangelho, quando relata que Jesus curou a sogra de Pedro (Mateus 8:14,15). Isto por si só põe abaixo toda a justificativa da necessidade de se exigir o celibato para ser presbítero. Mas temos outros exemplos bíblicos, com nas cartas de São Paulo a Tito e a Timóteo, onde ele afirma categoricamente que o bispo deve ser “casado com uma só mulher” (Tito1:6) e  Timóteo 3:1-7).

A quebra na tradição dos padres serem casados aconteceu, definitivamente, no Concílio de Trento (1545 – 1563), dentro do clima da reação católica à Reforma Protestante. Portanto foi uma decisão que foi tomada dentro de um contexto histórico que é completamente diferente do vivenciado hoje pela igreja após o Concílio Vaticano II.

No Brasil houve reações individuais de membros da igreja à obrigatoriedade do celibato. No período imperial podemos registrar a reação do padre Diogo Antônio Feijó, que em 1829 fez um contundente discurso da tribuna da Câmara dos Deputados, contra o celibato e pregando inclusive a independência da Igreja no Brasil. Feijó afirma em seu discurso que a obrigatoriedade do celibato não bíblica e nem natural. Na década de 1940 outra figura do clero brasileiro se insurge contra o celibato, seguindo a teoria de Feijó, é Dom Carlos Duarte Costa, conhecido popularmente como Bispo de Maura, este foi excomungado pelo Vaticano e fundou a Igreja católica e Apostólica Brasileira-ICAB. Mais recentemente, Dom Clemente Isnard, à época  bispo emérito de Nova Fibrurgo RJ, publicou em 2003, um livro em que defende uma reforma na Igreja, na qual inclui o fim do celibato obrigatório, indo mais longe, com a possibilidade de ordenação de mulheres.

Entretanto, este tema não aparece nas discussões oficiais da Igreja, pelo menos as  de caráter publico.

Ao nosso ver um relativo número de dificuldades e problemas vivenciados pela igreja hoje, seriam reduzidos de forma substancial. Quais são estes problemas. O primeiro é o da pedofilia, que é uma espécie de fantasma que persegue a igreja. O segundo e mais importante é pra resolver a falta de padres. Esta medida recuperaria, de imediato, milhares de padres que se casaram e que estão dispostos assumir o magistério na Igreja. Outro desafio enfrentado pela igreja no Brasil e em outros países como a Alemanha, é a perda de fiéis e este fenômeno, tende a diminuir, a longo prazo, com a inserção da família na igreja, sendo o pai um padre, aquele que leva seus filhos e a esposa para a igreja, como fazem nossos irmão protestantes desde o século XVI, os padres da Igreja Ortodoxa, os padres da Igreja do Líbano, os padres da Igreja Anglicana.

Esperamos que o Papa Francisco inclua dentre suas propostas de reforma da igreja, esta que para nós, é a mais revolucionária de todas que possam acontecer neste momento.


 

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