quarta-feira, 15 de março de 2023

LEMBRANÇAS DO PEDRO CÂNDIDO

 

Diácono Francisco Artur Pinheiro Alves

Pedro Cândido é outro personagem da Carqueija dos Alves, que me interessa registrar, embora tenha pouquíssimas informações sobre ele.

Era filho de dona Maria Cândida, comadre da mamãe. Além dele eu lembro outros filhos dela: dona Laura, Manoel Cândido e Antônio Cândido.

Dona Laura também era comadre da mamãe, lembro muito dela quando morava numa casa próxima à Casa de Farinha do tio Neném, acima do açude dele.

Antônio Cândido era o filho mais novo. Muito inteligente. Aprendeu a ler na escola da mamãe e segunda ela, tinha uma boa caligrafia, requisito essencial para alfabetizados daquela época. Antônio era, como todos ali, agricultor, mas tinha um diferencial dentre os demais da comunidade, era relojoeiro. Era muito amigo do meu irmão Nonato.

O Manoel Cândido, ainda é vivo, tem 90 anos, mora na Carqueija dos Alves, próximo à casa do Fernando do tio Neném, bem na beira da estrada. Tem muitos filhos e netos.

Agora vou falar do Pedro Cândido. Ele era o mais velho dos irmãos. Tinha deficiência auditiva, não sei se a vida toda, mas o conheci quase moco.

Casou-se com a Tereza, que a gente chamava de Tereza Lopes. Ela tinha o cabelo preto, liso, cuidava bem dele lavando com raspa de juá, para vender, quando crescia, à dona Maria Alta, mãe do Prazilde, em Capistrano.

Voltando ao Pedro Cândido, ele foi morador do papai. Morou numa casa que já descrevi em outro texto, que ficava no alto, acima da nossa casa, entre o açude e o terreno do Zé Daniel.

Ele tinha uma voz grossa, mas como tivesse com um bombom na boca. Eu ainda hoje o imito. Era uma pessoa santa. Vivia do trabalho e alheio aos propósitos do mundo. Seu único pecado, era fumar Pé Duro. Se isso for pecado. Talvez fosse melhor dizer, sua única distração era fumar Pé Duro. E é sobre o seu Pé Duro que vou contar uma história dele.

Certa vez ele estava trabalhando próximo de nossa casa e eu estava no roçado com ele. Papai o colocava para trabalhar perto de casa, no roçadinho do entorno da casa. Ele não ia para o adjunto de trabalhadores, na serra, como os demais, geralmente mais novos.

Então nós estávamos trabalhando, limpando mato, quando ele chama o filho dele que ficava por ali, e lhe deu uma missão que passo a relatar, encerrado esta crônica. Disse ele:

"Chico, vá fazer um Pé Duro pra mim e traga acesso".

O Chico devia ter uns 7 anos. Evidentemente, nem precisa dizer que o Chico se tornou um exímio fumante.

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