Diácono Francisco Artur Pinheiro Alves
Pedro Cândido é outro
personagem da Carqueija dos Alves, que me interessa registrar, embora tenha
pouquíssimas informações sobre ele.
Era filho de dona Maria
Cândida, comadre da mamãe. Além dele eu lembro outros filhos dela: dona Laura,
Manoel Cândido e Antônio Cândido.
Dona Laura também era comadre
da mamãe, lembro muito dela quando morava numa casa próxima à Casa de Farinha
do tio Neném, acima do açude dele.
Antônio Cândido era o filho
mais novo. Muito inteligente. Aprendeu a ler na escola da mamãe e segunda ela,
tinha uma boa caligrafia, requisito essencial para alfabetizados daquela época.
Antônio era, como todos ali, agricultor, mas tinha um diferencial dentre os
demais da comunidade, era relojoeiro. Era muito amigo do meu irmão Nonato.
O Manoel Cândido, ainda é
vivo, tem 90 anos, mora na Carqueija dos Alves, próximo à casa do Fernando do
tio Neném, bem na beira da estrada. Tem muitos filhos e netos.
Agora vou falar do Pedro
Cândido. Ele era o mais velho dos irmãos. Tinha deficiência auditiva, não sei
se a vida toda, mas o conheci quase moco.
Casou-se com a Tereza, que a
gente chamava de Tereza Lopes. Ela tinha o cabelo preto, liso, cuidava bem dele
lavando com raspa de juá, para vender, quando crescia, à dona Maria Alta, mãe
do Prazilde, em Capistrano.
Voltando ao Pedro Cândido, ele
foi morador do papai. Morou numa casa que já descrevi em outro texto, que
ficava no alto, acima da nossa casa, entre o açude e o terreno do Zé Daniel.
Ele tinha uma voz grossa, mas
como tivesse com um bombom na boca. Eu ainda hoje o imito. Era uma pessoa
santa. Vivia do trabalho e alheio aos propósitos do mundo. Seu único pecado,
era fumar Pé Duro. Se isso for pecado. Talvez fosse melhor dizer, sua única
distração era fumar Pé Duro. E é sobre o seu Pé Duro que vou contar uma
história dele.
Certa vez ele estava
trabalhando próximo de nossa casa e eu estava no roçado com ele. Papai o
colocava para trabalhar perto de casa, no roçadinho do entorno da casa. Ele não
ia para o adjunto de trabalhadores, na serra, como os demais, geralmente mais
novos.
Então nós estávamos
trabalhando, limpando mato, quando ele chama o filho dele que ficava por ali, e
lhe deu uma missão que passo a relatar, encerrado esta crônica. Disse ele:
"Chico, vá fazer um Pé
Duro pra mim e traga acesso".
O Chico devia ter uns 7 anos. Evidentemente,
nem precisa dizer que o Chico se tornou um exímio fumante.
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