sexta-feira, 20 de abril de 2012

PREFÁCIO DO MEU PRÓXIMO LIVRO, SOBRE A EXPERIENCIA DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO EM CARQUEJA CAPISTRANO NA DÉCADA DE 1960*

PREFÁCIO Os anos da década de 1960, foram ricos em acontecimentos históricos para o Brasil e para o mundo. Mudanças substanciais ocorreram naquela década, algumas boas, como o Concílio Vaticano II, outras nem tanto, como é o caso da implantação da ditadura militar no Brasil. Foi pensando em registrar uma pequena, mas valiosa, experiência de movimento comunitário liderado pela Igreja Católica na época, que resolvemos, em 1994 pesquisar sobre o que ocorreu na localidade de Carqueija, município de Capistrano, em uma propriedade da Igreja Católica, à época vinculado à Arquidiocese de Fortaleza. Temos naquele cenário uma experiência rica de movimentos comunitários rurais, que embora dirigidos pela Igreja e com o apoio do Estado, foram desenvolvidos com ampla participação popular. Era um conjunto de ações envolvendo famílias de trabalhadores rurais, com atividades para homens, mulheres e crianças. Iam desde a oferta de escola regular, à escola noturna, sindicalismo, cooperativismo dentre outros. É preciso ler o trabalho dentro do contexto da época, mas mesmo assim a sua leitura pode nos ajudar a compreender o percurso histórico dos movimentos comunitários rurais da atualidade. Foi em um momento de transição, pois a Igreja que vinha em uma franca participação do movimento popular, sobretudo na Educação de Adultos, tendo instituído o MEB – Movimento de Educação de Base, desde o início da década, teve também de se adaptar ao regime militar que se instalou abruptamente e continuar a sua caminhada. Tanto é assim que em Carqueija ainda funcionou a escola radiofônica do MEB, que anos depois vinha a ser gradativamente desativada por conta de incompatibilidade com o regime ditatorial. Mas o projeto de Carqueija foi além das escolas radiofônicas, foi um movimento de desenvolvimento comunitário. Teve experiências de organização da juventude, das mulheres, dos agricultores, do esporte, do cooperativismo, etc. A riqueza de diversidade em torno do mesmo objetivo, o desenvolvimento comunitário local é que fazem daquele movimento, uma import6ante fonte de pesquisa histórica e que por isso merece ser divulgado, como forma de contribui com a memória da comunidade local e dos movimentos rurais em geral. Também deve ser registrada a carga de afetividade que representa o movimento para este autor, tanto no momento da pesquisa, como neste momento de sua publicação como livro. Pois fomos partícipes do movimento como criança, tanto na escola como em uma de suas organizações juvenis, o Clube Quatro S e ainda nos festejos que eram freqüentes na comunidade. Neste sentido tanto a pesquisa como a publicação tem objetivos comuns, o registro da memória daquela gente e a possibilidade de novos estudos sobre a temática. Por tudo isso é que se pode compreender a importância desta publicação, de valor histórico, mas também de grande valor simbólico, e emotivo para o autor, para a comunidade estudada e para aqueles que se dedicam ao estudo das comunidades rurais do Brasil, sobretudo dessa época. É o que podemos dizer, sobre A AÇÃOCOMUNITÁRIADA ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA EM CARQUEIJA, CAPISTRANO 1964 A 1968, uma dissertação de mestrado em educação, pela UFC, que agora vira livro. Fico muito feliz em cumprir a terceira etapa deste projeto a saber: A pesquisa de campo, a elaboração e defesa da dissertação no Mestrado de Educação da Universidade Federal do Ceará, sobre a orientação do prof. Dr. Antonio de Almeida Machado e finalmente a sua publicação pela Editora Bagagem, que apesar de está sediada em Campina Grande, é um projeto de um jovem que também vivenciou o projeto Carqueija, se não na mesma intensidade que a nossa, pela sua tenra idade, mas pelo menos como aluno da Escolas Reunidas de Carqueija. Tudo isso é muito significativo e cheio de simbolismo. Agradeço a Deus por ter permitido esta minha trajetória e a todos os familiares e amigos que de uma forma ou de outra contribuíram com a realização deste desiderato. *O livro é uma versão adaptada para livro de minha dissertação de mestrado em Educação na UFC, na década de 1990. Aguardaem a sua publicação pela editora BAGAGEM de Campina Grande.

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