sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

DISCURSO DE ORADOR DOCENTE - COLAÇÃO DE GRAU HISTÓRIA - UECE dia 11 de janeiro de 2019




Em primeiro lugar gostaria de parabenizar os formandos e suas famílias, pela vitória de chegarem até aqui, concluindo com sucesso, seus cursos superiores. Isso vislumbra novos horizontes, novas conquistas e, também, novos desafios.
Sabemos que foram anos de esforço, de luta, mas que agora, percebe-se que valeu a pena e hoje é um dia especial, de comemoração de alegria pessoal, e familiar. Nossos mais sinceros parabéns!
Agora é olhar para frente, planejar o futuro, tanto do ponto de vista profissional, como do ponto de vista acadêmico. Depois de uma breve pausa para descansar os neurônios, novos projetos devem ser acionados: Concursos, empregos e a formação continuada em cursos de Pós graduação, latu sensu e stricto sensu. A caminhada deve continuar, a graduação é apenas um começo. Vamos em frente.
Agora gostaria de me deter um pouco nos desafios da trajetória profissional. Vivemos dias difíceis em nosso país e no mundo. Particularmente em nosso estado, estamos vivenciando algo nunca antes visto: a luta de grupos rivais por espaço no campo de sua atuação, que é o controle dos espaços de domínio e de poder, ancorados na venda de drogas ilícitas. Por outro lado a reação do estado, tentando impor sua autoridade, a seu modo, na busca de dar tranquilidade a sociedade, resultando tudo isso numa espécie de guerra civil, trazendo instabilidade social e, o pior, muitas mortes, notadamente de jovens.
Chegamos onde chegamos por que não nos preparamos para receber o Messias, nós que somos cristãos, na forma descrita por São João Batista, que ao ser indagado pelas multidões do que deveriam fazer para receber o Messias, e ele respondeu com convicção: “Quem tiver duas túnicas doe uma a quem não tem nenhuma e o mesmo fazei a quem não tem alimentos”; aos cobradores de impostos disse: “não exigi mais do que a taxa estabelecida:” já aos soldados recomendou: “Não pratiqueis a tortura nem chantagens contra ninguém, contentai-vos com o vosso salário”. (Lc 3, 7-13)
Nós não aprendemos, ou não demos ouvido ao último dos profetas do Antigo Testamento, em sua mensagem ética, que está presente em todos os discursos que pregam a paz e o amor ao próximo. Mas ele mesmo, em outro trecho de seu discursos diz: “Eu sou a vós que prega no deserto”. Não dar atenção para as necessidade de nosso próximo, não cuidar dos mais necessitados com dignidade, é uma das formas de abrir espaços amplos para, no caso em questão, este espaço seja ocupado por inescrupulosos controladores de organizações criminosas, gerando toda a instabilidade social que estamos vivendo.
Este é o ambiente que estamos vivendo e nosso lócus de trabalho, a escola, está inserida neste meio, espaços de muitas injustiças sociais, notadamente na periferia, que muitos de vocês atuam ou irão atuar.
É um grande desafio ser professor hoje, notadamente na educação básica, com poucos recursos disponíveis e muitas adversidades. O que vai fazer a diferença? É a sua visão de educador, seja como professor de História, de Filosofia, de arte ou disciplinas afins.
É preciso inserirmos a escola em um amplo conceito de educação, que dialogue com as famílias, com a comunidade, com as organizações sociais, com as organizações religiosas, para, trabalhando em conjunto, possamos levar uma educação às nossas crianças e jovens e possamos também nós nos reeducarmos a cada instante. Possibilitar ao educando o conhecimento do mundo e da vida, é condição “sine qua non” para que ele possa escolher o seu caminho, onde possa ter a liberdade de verificar o que é bom para a sua vida e o que poderá ter consequências drásticas para sua saúde e vida, e ainda que em condições adversas, poder construir um caminho que lhe assegure longevidade, com saúde e o mínimo de paz.
Ainda que nossa ação educativa seja apenas um pingo d’água no oceano, com certeza, contribuirá para melhorar o mundo e encontrarmos o caminho da paz e da solidariedade humana, tão necessários no mundo atual.
Caros formandos e formandas, que a vossa conduta nesta sociedade conturbada seja pautada na ética e na busca incessante da paz.
TENHO DITO
Fortaleza, 11 de janeiro de 2019
Prof. Francisco Artur Pinheiro Alves

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