domingo, 21 de fevereiro de 2010

HISTÓRIA DE VIDA DO POVO DE CAPISTRANO

CABOCLO MARINHEIRO
Uma sugestão aos alunos de História de Capistrano que estudam na UVA ou na FELESC-UECE, pesquisar em suas monografias de final de curso, a história de vida de pessoas de nosso município e região. São muitos anônimos que deram uma contribuição significativa para a sua terra, com seu saber específico, sua cultura, sua religiosidade, enfim com sua participação na história local.
Esta lembrança me veio à tona, após comentar com o professor, teólogo, filósofo e arqueólogo amador nas horas vagas, Raimundo Nonato Pinheiro Alves, que reside em Brasília há 40 anos, mas não esqueceu a terrinha.
Lembrava a ele, pelo correio eletrônico, sobre os Marinheiros, citei o nome do Senhores Luiz Marinheiro e Caboclo Marinheiro. O primeiro pai da Cleide, o conheci lá na Carqueija, quando era criança e o segundo o conheci na década de 70, alí na rua Cel Francisco Nunes, vizinho a casa do Zé Maia. Todas as vezes que passávamos em frente a casa dele o papai me dizia: “foi ele que construiu a capela de São João Batista do papai”. Isso ficou na minha memória. Só não sabia era que ele tinha sido o mestre-de- obra da Matriz de Capistrano, ou um deles. Mas foi.
Para reforçar a minha opinião de que os estudantes de História, seja na Graduação ou na Pós-Graduação devem buscar estas fontes, estes temas da história local, tão bem aceitos após o advento da História dos Anales, a Nova História Francesa, que todos são conhecedores, reproduzo o texto que recebi do prof. Nonato sobre os Marinheiros:

"Rapaz, como "havera" eu de não me lembrar dos " marinheiros?"E vou acrescentar mais alguma coisa desses homens para a História arquitetônica de Capistrano. Essas coisas a gente deve registrar, divulgar e valorizar, inclusive, buscar mais dados junto à família e aos amigos - pessoas como a mamãe - que poderão mesmo saber qual a origem desse cognome, desse alcunha familiar:" MARINHEIRO"! Muito importante tocar nesse assunto. Acho até que deveriam fazer uma homenagem póstuma, em especial, para o Caboclo Marinheiro, que construiu a igreja Matriz de Capistrano. Quem conheceu a construção original, com aquelas armações de madeira, o telhado perfeito...e a maquete! Será que ainda existe a maquete? Quem de nós não conheceu a casa do Seu João Firmino na Lagoa Seca? Perfeita! Acho que aquela casa era dele, antes de Seu João mudar pra lá! Não sei se a casa do velho Pierre Aon foi também obra dele! O Homem era um arquiteto, um monstro! (Cadê o trabalho de Arqueologia de Capistrano?) Eu o conheci: era “minhonzinho”, moreno, meio corcunda, fala pouca, mas um semblante comunicativo, um homem fino, educado. Um personagem importante de nossa História municipal, ali da Carqueja, gente nossa, gente como nós: simples, gentil, mujito religioso... eu diria até que, de uma bondade franciscana. Artur, vamos resgatar esses valores humanos, rapaz! Transmita essa singela homenagem que faço aos "Marinheiros" a seus descendentes, - à Cleide, em especial, uma pessoa muito ligada à nossa família, muito querida por todos nós -, mas que não herdaram ou que não usam mais aquele cognome familial. De maneiras que, aí vai o meu recado. Resta fazer uma pesquisa arqueológica,.
Um grande abraço aos nossos heróis MARINHEIROS. Do Nonato.

A minha sugestão aos nossos neo-historiadores,não é daquele tipo “faça o que diga e não faça o que eu faço”, não. Só para ilustrar, minha monografia de especialização foi sobre a História de Capistrano, inclusive publicada em livro; minha dissertação de Mestrado foi sobre a “Diocese”, como era conhecida a Carqueija do entorno da casa de Sr. Pierre, por ter sido desenvolvido um projeto de desenvolvimento comunitário pela Arquidiocese de Fortaleza na década de 60. Agora estou fazendo doutorado e minha tese é sobre os Mestres da Cultra, estudando especificamente o Mestre Sebastião Chicute.
Portanto fica a sugestão e a disposição de contribuir com o desenvolvimento de pesquisas nesta área temática.

CURSOS NORMAL SUPERIOR NO CEARÁ

Transferir o IEC para a UECE
A Câmara dos Deputados aprovou, quinta feira dia 22/10, um projeto de lei que oficializa a necessidade de obter diploma de nível superior para professores da educação infantil, inclusive as creches. Este era um ponto polêmico na LDB, que já determina tal necessidade em seu art. 62, mas admite “como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal”
Diante desta abertura, algumas escolas continuaram oferecendo o Curso Normal Médio, como é o caso do Instituto de Educação do Ceará IEC. Se o projeto de lei for aprovado no Senado e sancionado pelo Presidente da República, então o IEC não poderá mais oferecer o curso de nível médio, restando a opção de oferecê-lo em nível Superior. Para tanto deve ser transformado em Instituto de Ensino Superior de acordo com o art. 63, inciso I da LDB.
É inegável a contribuição histórica que o IEC deu á educação de nosso Estado, especialmente à região metropolitana de Fortaleza. Milhares de professores foram ali formados, numa época em que o ensino superior era de difícil acesso e não era obrigatório para o exercício do magistério no ensino fundamental. Isto tem que ser levado em conta pelas autoridades educacionais de nosso estado.
Diante destes fatos faço uma sugestão inédita ao Governo do Estado: após uma ampla discussão a partir do IEC e da UECE, enviar um projeto de lei à Assembléia Legislativa transferindo o Instituto de Educação do Ceará, para a Universidade Estadual do Ceará. Assim aquela escola poderia continuar seu trabalho de formação de professores, redimensionando o curso Normal Médio, para Normal Superior.
Ganhariam todos com tal medida. A UECE, que ampliaria seu Campus de Fátima, ampliaria o número de vagas em seus vestibulares, o Instituto que continuaria com a sua missão de formar professores e a sociedade cearense que, que teria garantida a existência de uma das escolas mais importantes do estado. Vale salientar que, salvo engano, o curso Normal Superior, não existe, ainda, em nenhuma universidade pública cearense, pois as mesmas optaram por continuar, apenas, com o curso de Pedagogia, pelo menos é o caso da UECE.
Fica a sugestão para os atores envolvidos, o governo e a sociedade cearense discutirem, se acharem conveniente.

Prof. Artur Pinheiro
Professor da UECE
arturpin@yahoo.com.br
ESCRITO EM 23 DE OUTUBRO DE 2009